segunda-feira, agosto 21, 2006

Rotunda



Circle Street by Wayne Thiebaud (1985)



"(...) o caminho tem dois sentidos, quem escolhe seguir um, não o pode partilhar com quem está noutro lugar ou vai em sentido oposto. Deixe esta rotunda." (Jorge Pereira, comentário a o post O meu "ex-amor")

Jorge, gostei do que escreveu. Faz todo o sentido. Julgo estar a começar a virar para aquele pequeno caminho alternativo. Aquele que sempre teimei/teimo em não ver. No entanto, perante esta nova possibilidade, surge o medo do desconhecido, o medo do que vai ser o futuro.

Teima em surgir dentro de mim, por um lado, o medo de escolher novamente uma pessoa que não se envolva emocionalmente; por outro, o medo de utilizar padrões de comportamento até agora desconhecidos. O medo de amar de outra forma. São estes medos que me fazem recuar novamente para a rotunda. São estes os medos que me levam de regresso aos ciclos de amor, luta, rejeição, dor, amor, luta, rejeição, dor...

Na Rotunda tenho a segurança do mundo que já conheço. Nela tenho os comportamentos que sempre conheci.

Ainda me falta a coragem para encarar completamente um caminho novo. Ainda não a tenho, mas tenho a certeza de que ela virá um dia próximo. Tenho esta certeza porque estes sentimentos estão a tornar-se insuportáveis.


"(...) Sobre o desafio, a que eu chamo exposição, gostaria de dizer que admiro a coragem de quem o faz, considerando que a tentativa é de chegar a determinada pessoa, onde reside toda a importância do que aqui se diz. No entanto, a blogosfera tem os seus problemas, tão depressa estamos acompanhados por milhares de amigos que nos aconchegam de abraços e beijinhos, como no momento seguinte abrimos os olhos e vamos dormir sozinhos. Tem os seus perigos, como tudo o que socialmente nos relacciona. Os verdadeiros carinhos são de uma mão amiga, que nos toca quando menos o esperamos, onde mais queremos e quando mais precisamos."
(Jorge Pereira, comentário ao post anterior)

Concordo consigo. Existe realmente essa possibilidade da presença dos amigos virtuais não ser suficiente. Eu ainda não senti isso.

A blogoesfera tem-me dado liberdade. Tem-me ensinado a não me esconder dos outros. Tanto que esta aprendizagem já transbordou para a vida real. Já fui capaz de contar a uma amiga o que se passou e o que se está a passar na minha vida. Isto é uma grande conquista, pois confiar a minha intimidade aos outros é algo que eu não fazia há muitos anos.

Obrigada pelos seus comentários. Volte sempre.

3 comentários:

Tessa disse...

Olá.
Fiquei muito contente em saber que já consegues repetir com os outros amigos de carne e osso o que fazes aqui connosco (teus amigos de carne e osso mas virtuais).
É como se este espaço virtual servisse para o treino de novos comportamentos.
Parabéns, estás a conseguir, aos poucos, sair da rotunda mencionada pelo Jorge.

Anónimo disse...

Oi menina
Tb encontrei na blogosfera bons amigos a quem conto coisas que nao posso contar a mais ninguem. Se calhar isso vem do facto de por sermos todos mais ou menos anonimos n temos problemas em ser julgados. Infelizmente as pessoas mais proximas de nos tem ideias pre-concebidas do que nos somos, do que pensamos e de como devemos agir, e por isso se torna tao dificil contar-lhes as coisas mais intimas.
quanto ao ex-amante...
olha isto vindo de alguem que passou mais ou menos pelo mesmo ah bem pouco tempo.
Tens daixar o tempo passar e esquecer o ex. Nao adianta ficares a espera que ele mude. As pessoas nao mudam. A unica pessoa que tu podes mudar e a ti, ao teu coracao.
Nao tenhas medo que mais cedo ou mais tarde encontraras a pessoa certa, uma pessoa que valorize o teu amor e que o retribua da mesma maneira. Nao penses q e impossivel que os homens sao todos iguais isso n e verdade. E so porque estas magoada, entendes.
Tens q deixar o medo de lado e seguir em frente. nao vale a pena estar com alguem q nao nos quer ( e como atirar perolas a porcos). Isso so destroi a nossa imagem de nos mesmas, sentimonos como se nao fossemos dignas de ser amadas. Tu mereces muito mais :).
Coragem amiga, coragem!

JP disse...

Pela primeira vez, vou aceitar o seu convite, só na medida em que me parece ser um contributo para todos os que aqui estamos, na conversa sobre este assunto, que por vezes leva uma vida inteira. Concordo com o essencial dos comentários anteriores, são bons conselhos e podem vir de onde vierem nunca serão virtuais. A minha contribuição hoje, aqui, limita-se a ser a resposta ao seu desafio, um nadinha da minha intimidade: Também eu desisti há pouco de "atirar pérolas a porcos", não vale a pena admirar quem não merece ou não sente o mesmo por nós.