quinta-feira, novembro 30, 2006

Em todas as ruas te encontro



Foto de Gabriele Rigon



Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
em todas as ruas te perco



Mário Cesariny (1923-2006)


segunda-feira, novembro 27, 2006

Abraços Grátis



Esta é a reportagem de uma história verdadeira...
A história da Campanha dos abraços GRÁTIS.



Um abraço enorme a todos os que me visitam!!!


quarta-feira, novembro 22, 2006

Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor...




Talvez por não saber falar de cor, imaginei
Talvez por não saber o que será melhor, aproximei
Meu corpo é o teu corpo, o desejo entregue a nós...sei lá eu o que quero dizer.
Despedir-me de ti, "Adeus, um dia, voltarei a ser feliz."
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor não sei o que é sentir.
Se por falar, falei, pensei que se falasse era fácil de entender.
Talvez por não saber falar de cor, imaginei.
Triste é o virar de costas, o último adeus sabe Deus o que quero dizer.
Obrigado por saberes cuidar de mim, tratar de mim, olhar para mim...
Escutar quem sou e se ao menos tudo fosse igual a ti...
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor não sei o que é sentir.
Se por falar, falei, pensei que se falasse era fácil de entender.
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor não sei o que é sentir.
Se por falar, falei, pensei que se falasse era fácil de entender. É o amor que chega ao fim. Um final assim, assim é mais fácil de entender... Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor não sei o que é sentir.
Se por falar, falei, pensei que se falasse é mais fácil de entender.
Eu já não sei se sei o que é sentir o teu amor não sei o que é sentir.
Se por falar, falei, pensei que se falasse era fácil de entender.

terça-feira, novembro 21, 2006

Os meus medos

Tenho dois tipos de medos: os de origem externa e os de origem interna.

Os externos têm origem no trabalho, em comportamentos meus, mas, principalmente, no comportamento dos outros. Sou responsável pela segurança de 50 pessoas...e apesar do trabalho de sensibilização, já iniciado, ainda me depáro com muitos comportamentos inseguros. Comportamentos que podem resultar na morte do trabalhador.

Isto angustia-me muito.

Não quero ter nas costas o peso moral de uma morte.

Não quero ser responsabilizada por uma morte. Se não me conseguir proteger (através de papelada e formação) posso incorrer em multas, pagamento de indeminizações, prisão até 8 anos e casação do certificado de aptidão profissional (sem o qual não posso trabalhar). Isto pesa! Todos os dias sinto a lâmina da faca no pescoço.

Sei que organizar tudo correctamente leva tempo, mas não vou deixar de ter medo enquanto não estiver tudo ok. Só consigo pensar: "E se, entretanto, acontece algum acidente grave ou mortal?"

Os internos são outra história...e, quem acompanha os meus testemunhos, já os conhece. O medo de não ser amada é o principal...e até ele afecta a minha vida profissional. Já tive situações em que era necessário ser rigída e em que tenho consciência de que fui benevolente porque necessito sentir que, as pessoas com quem trabalho, me aprovem e gostem de mim. É ridículo! Eu sei. Estou a corrigir isto.

Rabiscos de mim - 21-11-2006

Olá, amigos. Ontem, alguns problemas no trabalho desencadearam as velhas inseguranças, mas hoje já estou melhor. Depois de despejar os meus sentimentos aqui, neste cantinho, fui chorar para a caminha (que é lugar quente!). Às vezes, chorar faz bem. Despejar as frustrações, chorar e descansar fez-me muito bem. Hoje acordei animada e cheia de força. Senti-me bem. Senti-me bonita. Senti-me forte...e tomei um conjunto de medidas para resolver as questões que me atormentam. Preparei os documentos necessários e o processo de resolução já está em andamento. Neste momento, estou contente comigo própria. Estou contente por ter conseguido expôr as minhas ideias, da maneira que queria; estou contente por ter sido entendida da maneira que queria. Espero ter os assuntos de maior responsabilidade resolvidos até ao final do ano. A ver vamos. Sda e António, obrigado pelos mimos. Beijinhos.

segunda-feira, novembro 20, 2006

Segredo 14




Fonte: PostSecret



Só...
Perdida.
Ultrapassada...
Insegura...
Cheia de medos...
Impotente!!



domingo, novembro 19, 2006

Segredo 13


Publicado no PostSecret (19-11-2006)

sábado, novembro 18, 2006

O Passado e o Presente


Juarez Machado
Le amours clandestines - 1992




Juarez Machado
Recontre sinuese - 1977

Fonte: O Século Prodigioso


quarta-feira, novembro 15, 2006

Todos os filhos da puta têm um nome



Todos os filhos da puta têm um nome.
Porque se chama puta à mãe se o sacana é o filho?
Por isso digo:
Todos os sacanas têm um nome!
E mães que podem ou não ser putas que pariram um sacana.
Não é socialmente aceitável, correcto
Falar com putas
Mas é-se amigo de sacanas.
Evitam-se as putas na rua
Recebem-se os sacanas em casa.
Se a cara do sacana reflectisse o que ele é,
Como o corpo da puta denuncia o que ela faz.
Não evitaríamos,
Atiraríamos pedras,
Construiríamos guetos para sacanas?
O problema é esse!
É que ser puta é uma máscara e ser sacana vem de dentro.
Eu prefiro estar rodeada de putas
A cruzar-me com um sacana.




Encandescente (19-09-2006)

segunda-feira, novembro 13, 2006

Piropos



Ouvi este há pouco tempo e não consegui ficar zangada. : ) : )

Em vez de "Eh, gandas mamas!!", ouvi "Eh lá, isso é só saúde!"

Resultado: desmachei-me a rir. : ) : )

Mulheres e Futebol



eheheheh!!!


domingo, novembro 12, 2006

Segredo 12



Apesar desta ser a razão de grande parte dos meus problemas...


Fonte: PostSecret (12-11-2006)


quinta-feira, novembro 09, 2006

Resolução Ministerial




Via e-mail

(Para aumentar cliquem na imagem)

quarta-feira, novembro 08, 2006

Circunstâncias II

A Tessa deixou-me um comentário execelente ao post circunstâncias. Não é um comentário é um testemunho, um ensinamento que me pode ajudar a mim e a quem, como eu, está a passar uma fase má. Como tal, resolvi publicá-lo aqui.

Tessa, obrigado pelas tuas palavras e pelo apoio. Beijinhos.

"Minha querida.

Como sei o que sentes. Tanto tempo que eu levei a impôr-me. No fundo a respeitar-me e a amar-me e a dar-me ao respeito.

Impôr limites aos outros é uma forma de subirmos o nosso "preço". Dito desta forma até parece, sei lá..O que quero dizer é que quando não admitimos, quando nos impômos, mostramos quem somos. É tão simples!

Mostramos até onde permitimos que o outro vá. Se permitimos que subam por nós até, digamos, aos joelhos e não mais, então o outro sabe que a partir dali é um risco. Mas vai tentando amarinhar. Vamos permitindo...até nos calcarem a cabeça...então somos o capacho.

Tu respeitas o tapete da tua porta de entrada? Nem dás pela existência.

Não existes para o outro quando o outro não encontra limites. Se não existes não és nada...nem respeitada, nem considerada, nem amada.

É verdade que passamos situações na vida que são difíceis mas, quando tomamos consciência e compreendemos, surge também a oportunidade de nos responsabilizarmos e prosseguirmos em frente de cabeça erguida.

É fácil de dizer mas difícil de conseguir. Mas não é nada impossível.

Lembra-te que as grandes revoluções são momentos difíceis mas trazem uma nova luz.

Um beijinho grande."

domingo, novembro 05, 2006

Segredo 11




Publicado no PostSecret (05-11-2006)



sábado, novembro 04, 2006

Chegar à lua


de Al Magnus

quinta-feira, novembro 02, 2006

Circunstâncias

"People are always blaming their circumstances for what they are. I don't believe in circumstances. The people who get on in this world are the people who get up and look for the circumstances they want, and, if they can't find them, make them."
George Bernard Shaw, "Mrs. Warren's Profession" (1893) act II


Sou uma destas pessoas que coloca a culpa da sua tristeza nas circunstâncias?

Nunca me considerei uma pessoa passiva. Sempre me vi como uma pessoa lutadora. No entanto, hoje olho para trás e reconheço alguns laivos de passividade. Reconheço momentos em que o medo me impediu de avançar.

Exemplo na área profissional: Lutei imenso para fazer a minha tese de fim de curso. Fui para uma área pouco explorada e isso implicou um trabalho de criação muito grande. No esntanto, escolhi um tema assim porque queria um desafio. Assim foi. Desenvolver a tese foi um processo longo e doloroso, mas no fim tudo valeu a pena porque o meu esforço foi reconhecido. Para além da nota ter sido boa, a minha orientadora pediu-me para fazer um artigo sobre a tese. Nunca o fiz. Acobardei-me. Hoje constato que tive medo de ser avaliada publicamente. Tive medo das críticas. Tive medo que não gostassem de mim.

Exemplo na área amorosa: Lutei durante anos pelo amor de um homem. Permiti-me ser a outra. Permiti-me viver situações de que não me orgulho em nome deste amor. Permiti faltas de respeito. Permiti que não me amassem. Sacrifiquei a minha auto-estima em nome deste amor (ou foi ao contrário: permiti-me viver este amor porque tenho baixa auto-estima??) Criei quase todas as circunstâncias para estar junto deste homem. Apenas não criei uma. Durante anos, nunca disse: "ela ou eu?". Durante anos pensei: "É ele que tem que decidir." Durante anos permiti que as circunstâncias dele comandassem o modo como vivi este amor. Não o encostei à parede porque tive medo de ser rejeitada. Ou melhor, sabia que ia ser rejeitada...e nunca quis aceitar o fim dos meus momentos de amor. Criei as minhas circunstãncias ao fim de 10 anos. Ao fim de 10 anos vivi o FIM.

Hoje, sinto-me estagnada. Sem acção. Sinto-me sem forças para andar. Sem forças para criar novas circunstâncias. Apercebo-me de medos e inseguranças que me barram. Profissionalmente, apenas avanço quando sou "obrigada" a isso.

Na minha profissão actual tenho que tomar decisões todos os dias. Decisões que afectam o trabalho de outros. Decisões que implicam a mudança de hábitos de trabalho adquiridos ao longo de anos. Decisões que, quase sempre, geram resistências. No entanto, a pior parte surge quando tenho que fiscalizar e penalizar as pessoas não cumpridoras. Pessoas a quem já ganhei amizade.

Amo o meu trabalho, mas não gosto desta faceta penalizadora. A amizade que ganhei a quem tenho de penalizar constrange a minha acção. Umas vezes vou arranjando argumentação para derrubar as resistências. Outras vezes fico estagnada. Não ago, nem reago. Finjo não ver certas faltas. Tudo isto porque...tenho medo das críticas. Tenho medo que não gostem de mim. Ainda não consigo separar as águas e estou a comprometer o meu trabalho.

Hoje, por exemplo, a entidade que me tutela "pediu-me" para penalizar os não cumpridores de um modo mais rígido. E eu, que evitei tomar esta decisão antes, vou ter que seguir a onda. Vou render-me às circunstâncias. Eu concordo com esta posição, mas não tive coragem de a tomar antes porque sei que isto vai gerar uma pequena guerra entre mim e as pessoas que coordeno. Resultado, já estou com receio de perder a consideração e respeito que ganhei lentamente. No fundo, tenho medo que deixem de gostar de mim. (Que vergonha! Peço desculpa por tão grande egocentrismo.)

Eu quero ser uma boa profissional, mas não quero esquecer as relações humanas. Infelizmente, estas duas questões estão em conflito (pelo menos dentro de mim).

Com tranquilidade...

quarta-feira, novembro 01, 2006

Poema do Desamor



Foto by Gadjetgirl



Desmama-te desanca-te desbunda-te
Não se pode morar nos olhos de um gato

Beija embainha grunhe geme
Não se pode morar nos olhos de um gato

Serve-te serve sorve lambe trinca
Não se pode morar nos olhos de um gato

Queixa-te coxa-te desnalga-te desalma-te
Não se pode morar nos olhos de um gato

Arfa arqueja moleja aleija
Não se pode morar nos olhos de um gato

Ferra marca dispara enodoa
Não se pode morar nos olhos de um gato

Faz festa protesta desembesta
Não se pode morar nos olhos de um gato

Arranha arrepanha apanha espanca
Não se pode morar nos olhos de um gato



Alexande O'Neill (Poeta português, 1924-1986)