segunda-feira, setembro 11, 2006

Vergonha, Amor, Luta, Dor, Choro...


Aqui estou eu de volta. Sinto que vos abandonei. Sinto que abandonei a minha casinha e a minha reflexão. Peço-vos desculpa e peço-me desculpa a mim. Não me permiti escrever antes. Não o consegui fazer, porque o que vos vou dizer hoje não é do meu agrado. Sinto-me mesmo envergonhada comigo própria. Tive um fim-de-semana doloroso. Não consegui manter a decisão de que me iria afastar do meu ex-amor. Não nos envolvemos, mas eu busquei uma reaproximação. Felizmente / infelizmente ele manteve a distância. Apesar de saber que isso me iria fazer mal, se fosse só eu a decidir, teria estado com ele.

Ele tem se mantido afastado de mim e eu voltei a reivindicar a sua atenção e o espaço que era meu. São os momentos em que hoje ele já não me coloca. São os momentos livres que, inconscientemente / conscientemente, penso que deveriam também ser meus. Perturbam-me especialmente aqueles em que está sozinho e em que não me concede a sua presença. Acho-me merecedora/dona destes períodos. Acho que deveriam pertencer-me por direito. Como se fossem uma pequena recompensa pelo que sinto por ele. Contento-me com pouco. Sempre me contentei com os poucos momentos de proximidade, entrega, carinho, confidências. Ainda amo através das migalhas que me vão dando aqui e ali.

Hoje tive uma conversa com ele através do meio mais impessoal do mundo, o MSN, mas sinto-me reconfortada. Escrevi o que me estava entalado na garganta. Acusei-o de abandono da nossa amizade, acusei-o por não falar comigo, acusei-o por não se interessar pelo que tenho vivido. Reivindiquei o espaço de amiga, mas estava a lutar pelo espaço como seu amor. Ele defendeu-se dizendo que não era assim, que eu sou importante para ele, mas que já não pode estar o mesmo tempo comigo; que eu o estava pressionar (e estava) e que não gosta de pressões (paciência!). Hoje fiz o que nunca tinha feito, pressionei. Pressionei para tentar ter uma resposta favorável da sua parte.

Queria ouvi-lo dizer que gostava de mim. Ouvi / Li: "continuas a ter a mesma importância para mim que sempre tiveste."

Ele: "Vê se percebes de uma vez, tu és uma parte importante da minha vida estando perto ou longe. Já temos 10 anos de convivência que não se evaporam dum momento para o outro.
Eu: mas custa-me estar longe.
Ele: Também a mim. Ou pensas que não?
Eu: eu pensava que te custava, mas nos ultimos tempos..."

Depois da luta de palavras e pontos de vista, acalmámos e virámo-nos para as confidências. Parece incrível, mas consegui explicar-lhe porque teimo em gostar dele. Falei-lhe do meu pai. Conheço-o há 10 anos e nunca lhe tinha falado do meu pai. Por um lado, isto foi bom. Foi um reflexo do à-vontade que tenho vindo a conquistar aqui. Tenho aprendido a não ter medo de me dar a conhecer. Por outro lado, tem um elemento incorrecto e mau para mim. As minhas palavras tiveram como objectivo reconquistá-lo.

“Eu: O meu pai nunca foi muito afectuoso. E isso afectou-me. Toda a minha vida lutei pelo amor dele e ele, apesar de me amar à maneira dele, não me mostrou. e eu continuei a lutar, e ele a rejeitar, eu a lutar e ele a rejeitar. No fundo, é esta forma de amar que reproduzo contigo. (…) Agora estou num impasse e também eu me sinto pressionada: ou mantenho esta dinâmica ou acabo com ela.
Ele:
não te parece que isso não é benéfico para ti?
Eu:
Acabar com ela é benéfico, mas implica estar contigo ou afastar-me de ti. Não o meio termo. Como sempre foi."
Silêncio e mudança de assunto.

Fiquei sem saber o que pensar. Ou melhor, sei que também ele está a passar por um processo de auto-descoberta e de resolução de problemas internos, mas no fundo, desejo que a resolução desses problemas traga a nossa união.

Não gosto do que escrevi neste post porque é um retrocesso, mas escrevi o que sinto hoje. Escrevi a verdade. Como sempre prometi fazer.


Foto: Vergonha, de António Batista

6 comentários:

ohcaptain disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
redonda disse...

Estou a torcer para que agora tenhas força para avançar. Imagino como deve ser difícil.
Um beijinho

ohcaptain disse...

sim, é um retrocesso.
nao te alimentes de migalhas: elas nao te alimentam, mas sao a droga que te mantém presa, que nao te deixam ser livre, que nunca te deixarao voar mais alto.

Menina Rabisco disse...

Redonda,
obrigado pelo teu desejo.

OhCaptain,
não poderia concordar mais com as tuas palavras, mas como faço a desintoxicação?? Ainda não sei.

Obrigado aos dois.
Beijinhos

DavidPN disse...

Desculpa invadir o teu espaço. Realmente não é muito fácil ter total consistência situações tão inesperadas - e ao mesmo tão próprias de um sentimento tão comum, e raro ao mesmo tempo - mas sinceramente, se amamos, apenas somos felizes quando somos amados.
Felizmente, hoje a minha opinião sobre este enorme sentimento resume-se à felicidade e à realidade pura ao lado da pessoa que amo, mas há alguns meses, a minha conversa era essa que tu tens hoje.
Portanto, e desculpa-me esta presença sem pedir licença, mas acredito e espero muito sinceramente que possas ser feliz pela vida fora.
E acima de tudo, faz isso, sê verdadeira e ama...BOA SORTE

Menina Rabisco disse...

David,

permito que as pessoas comentem porque gosto do debate de ideias. São elas que me enriquecem e muitas vezes me fazem crescer. Como tal, não invadiste nenhum espaço. Volta e comenta sempre que quiseres.

Quanto ao amor, fico feliz por saber que a recuperação deste estado é possível. Espero que sejas muito feliz ao lado da pessoa que amas e obrigada pelos teus votos.

Um abraço.