segunda-feira, outubro 23, 2006

Crucificação


Dr. Phil deixou-me um comentário ao post Pensamento de hoje - 21-10-2006, que cito e passo a comentar.

"E a seguir? Que tal mandares castrá-lo?
Tenho acompanhado o teu blog desde que o descobri há uns tempos.
Embora tenha estabelecido, inicialmente, alguma afinidade com a tua história, não posso deixar de vir em socorro do pobre diabo que pareces querer crucificar em praça pública. Fiquei com a ideia que o intuito do teu blog seria a de expurgares os fantasmas, ganhares confiança em ti própria e seguires em frente. No entanto, o que noto, nestes últimos tempos, é a tua vontade de te manteres numa situação que te é prejudicial (com o beneplácito de um júri parcial, a quem não é dado conhecer a outra versão da história).
Lá diz o povo que "quem está mal, muda-se". E tu que fazes? Um escrutínio absoluto do comportamento do pobre diabo, para justificar o quê? A tua própria insegurança em avançares? É com bastante segurança que afirmas que escolhes com quem andas..."

O meu objectivo com este blog é expressar tudo o que consigo escrever/descrever. Às vezes digo o que é politicamente correcto, outras vezes bato no ceguinho. O que escrevo depende apenas do que sinto no momento. Se sinto amor, expresso amor. Se sinto raiva, expresso raiva. Escrevo o que sinto sobre os comportamentos e atitudes da pessoa que amo, para tentar compreendê-las. Para que elas deixem de me magoar.

O meu objectivo não é crucificá-lo, mas tenho dias em que o crucifico. O meu objectivo não é amá-lo, mas tenho dias em que o amo muito. São os dois lados da minha balança. É o amor e o ódio que nunca se separam dentro de mim.

É destas descrições de sentimentos, que tento retirar algum (auto-)conhecimento. Às vezes retiro. Outras vezes, não. Às vezes aprendo algo de imediato. A maioria das vezes só o tempo e a releitura permitem alguma compreensão. Gostaria que a evolução fosse mais rápida, mas não é. Eu ainda resisto a mudar. Tenho medo da mudança. Tenho consciência disso. Ainda não me consigo ver sem ele na minha vida. Faltam-me dar alguns passos para ultrapassar esta limitação.

Quanto às versões da história, é verdade que só tenho mostrado a minha versão, mas não poderia ser de outra forma: o blog é só meu! É feito apenas por mim e para mim. Posso contar um pouco sobre a outra parte, mas mesmo nessa situação serão sempre as minhas palavras sobre Ele ou sobre uma situação. Nunca será a sua própria visão. Nunca haverá isenção completa. De qualquer modo, no futuro, vou tentar ver o outro lado.

"E quanto ao afastamento? A vossa história já é longa... Será ele que, de um momento para o outro, resolveu afastar-se de ti ou tu que o estás a obrigar a isso?"

Infelizmente não sou eu que me estou a afastar. Se fosse, era sinal de que já teria coragem para mudar. O afastamento partiu dele. Num momento em que foi necessário decidir entre mim e a namorada, depois de me dizer que gostava de mim, ele optou por se manter com a namorada. Como é que eu devo aceitar isto?? Com benevolência?? Não consigo. Sou humana. Sinto raiva, revolta, amor, ódio...e apetece-me partir os pratos todos!!! No entanto, só os parto aqui. Só aqui o faço. Só aqui o posso fazer. Talvez seja por isso que me acusas de crucificação, porque só aqui posso expressar os maus sentimentos. Talvez o esteja realmente a crucificar. Se assim for, paciência! Ainda não consigo agir de outra forma. Se um dia tiver consciência de que errei, serei a primeira a admití-lo.

Dr. Phil, apesar das críticas, gostei muito do teu comentário. Gostei das farpas e da "chapada". São muitas vezes estes comentários que me fazem pensar. Volta sempre. Comenta mais vezes.

Beijinhos. Menina Rabisco.



Foto: Truth, by Gotiersjf


6 comentários:

Anónimo disse...

Os teus leitores passam por cá, veem a tua via e expressam os seus comentários em relação a ti.
O Dr. Phil viu mais longe, desprendeu-se de ti, e no que tu escreves viu o outro, o verso.
É um novo caminho...

Pedro Mendonça disse...

Rabisca miúda,
Nas relações são precisos dois, no amor e na fantasia só é necessário 1. Se uma relação não avança, aos dois se deve (em princípio), agora no amor ou na fantasia dele, depende de nós!

Eu constatei que é verdade aquela cena do mais vale só que mal acompanhado, aprendi também que às vezes necessitamos de odiar e resmungar durante uns tempos (variáveis) antes de partir para outra, ou para nós, a isso chama-se luto.

Faz o teu luto e não crucifiques o homem pá! Olha lá, se afirmas que estava tudo bem, mas que ele preferiu ficar com alguém que pelos vistos não ama muito... talvez te tenha feito um favor, não?

Rabisca, não fomos apresentados, não conheço o teu passado, só as tuas resmunguices e alegrias do dia a dia e mesmo assim venho cá, gosto de te ler, gosto de ti... well... isto não é uma declaração! É apenas para te dizer que gostava um dia de te ver com a auto-estima no lugar dela, a fazer-te bem, bale?
abreijos

Shaktí disse...

Não me parece que ao transmitires os teus sentimentos profundos, raivas, desamores, infantilidades, maturidades, amores, dores de perda, estejas necessáriamente a crucificar alguém. Não iria tão longe na minha análise. Além de que, como disseste e muito bem, este blog é teu e és tu que estás a falar. Cabe a nós que te lemos diáriamente escrutinar um pouco do que é a tua personalidade e vislumbrar a verdade do que aqui contas. Estás a sofrer e a tentar exorcizar os teus fastasmas, lamber as feridas e seguir em frente mais una e coesa contigo mesma. Perdoem-me todas as pessoas que discordam, mas eu estou do teu lado.
Um beijo de solidariedade, tu és sempre mais tu, única, especial, não multiplicável, não clonável, aliás, como todos nós.

Menina Rabisco disse...

JP,

vou tentar explorar esse caminho...
a ver vamos no que dá.

Beijinhos

Menina Rabisco disse...

António,
muito obrigada pelo teu carinho. Eu também gosto de te ler. Quanto à minha auto-estima: eu SEI (tenho a certeza) de que, um dia, ela irá para o sítio certo. ;) Mais uma vez o tempo é a chave.
Obrigada pelas palavras e pela companhia.
Beijinhos

Menina Rabisco disse...

Shakti,
É isso mesmo: estas são as minhas resmunguices. São os meus pensamentos passados para "papel" para poderem ser lidos e relidos, para poerem ser dissecado e compeendidos. Muito obrigada pelas tuas palavras e pelo teu apoio.
Beijinhos